quinta-feira, 19 de julho de 2007

Umbigo e gestão de pessoas

O problema de gestão de pessoas numa redação é o umbigo.

Aquele umbigo que lida com holofote ocular o tempo todo, que é apalpado, abanado e seduz ao ponto de fixar a atenção do dono do umbigo - este, coitado, fica tão cego diante da luz que não levanta a cabeça. É como se fosse um grande amor por si mesmo. Cada frase, cada palavra, cada asneira assume uma importância além do alcance dos pobres mortais.

Mas, além do umbigo, tem o caranguejo. Explico: o ambiente de uma redação me lembra, muitas vezes, uma corda de caranguejo, onde os bichinhos se debatem e querem sair daquela corda porque sentem o que virá: o calor de uma panela e sua água fervente. É uma briga pela sobrevivência, um passando por cima do outro. Mas, quando se olha a uma curta distância, o que se vê é um emaranhado de pernas que não caminham para lugar nenhum, ficam atadas umas nas outras.

Então imagine: o umbigo e a corda de caranguejo. Tente fazer gestão num clima com essa temperatura.
Não tem curso de gestão que ensine como lidar com o ego alheio, essa tarefa para poucos Hércules. E ego de jornalista é terrível. A arrogância de se achar acima do bem e do mal. Pensar que seu escrito é mais importante do que todo o resto apurado durante o dia.

As apostilas, os artigos de gestão não mencionam isso. Não dá para aplicar num ambiente criativo, como o de uma redação, as fórmulas e pirâmides deste ou daquele autor mirabolante. A teoria nos serve para repensar e ver que é possível fazer diferente. Uma caminhada árdua e sem grandes vales de eco. Coisa para Ghandi.

E um exercício diário para fugir da tentação do nosso próprio umbigo.

Aprendizado



Ouvir, rir, dividir sons e sonhos. Caminhar junto.