terça-feira, 21 de julho de 2009

Almas corporativas

Aos poucos, a história do ceifador que rondava as redações se torna realidade. Discreta, as almas penadas que foram alcançadas pela foice estão sendo retiradas da repartição. Já deram o nome de reengenharia, acomodação, oxigenação, remanejamento, disponibilizar para o mercado de trabalho e até passaralho. Hoje, falam em "alinhar expectativas". Se não está alinhado, dança.
Infelizmente não há o saudável hábito de olhar, escutar e aproveitar a prata da casa. O bom e velho esquema da segunda chance e recolocar a criatura num lugar que tenha a ver com ela.
O esquema mais barato e rápido é o ceifador. Espalha o medo do FGTS liberado, o terror do desemprego após os 40.
Tudo isso na contramão do que se prega na empresa moderna: transparência, confiança nas relações de trabalho, divisão de tarefas e responsabilidades. O que no morro se chama de junto, colado, misturado e embolado.
Infelizmente, nas redações não se vivencia tempos modernos. Estamos ainda ajustando parafusos. Com um pé no século 19 e achando que está no 21.
Almas corporativas.