quarta-feira, 25 de julho de 2007

A irresistível corda do caranguejo

Escrevi este texto dia 5/3/2007, depois de um carnaval na Bahia ao lado de Paulinho, Barbie, João, Gabi, Lívia e Augusto. Depois de um trio com o Babado Novo.



A corda do caranguejo arrebentou com as minhas pernas. Não aquele que enfileira a contragosto os crustáceos peludos dentro dos balaios nordestinos de feira malcheirosa. Aquela, suja e rota, é bem vista em dedos calejados de desentocar os parrudos lamacentos. Dedos que amarram com maestria cada um dos bichinhos que são saboreados com pancadas certeiras ou não nos quadradinhos de madeira e martelinhos improvisados de barracas nas praias.

Não, a corda que me arrebentou enfileirava braços suados e rostos felizes, que pulavam desorganizadamente em fileiras pra lá e pra cá.

A massa caranguejeira que só anda de lado, não pára, não cansa, segura na corda e vai no embalo.

Fui na primeira, na segunda e, na terceira, já estava tal qual uma moqueca de siri catada. Aos pedaços, a quarta corda foi só com os ombros e a cabeça.

Quem já pulou uma corda dessa sabe do que estou falando. Aquele cansaço imediato, que deixa o pobre exausto. Para, no dia seguinte, se transformar em dor da ponta da unha do dedão até o fio de cabelo da moleira.

Dói tudo. Pés em bolhas, sola inchada, dedos esmigalhados e tênis imundo.

Mas a alma lavada.

A primeira corda de caranguejo não se esquece. Duas semanas depois, e ainda tenho o osso da canela, os joelhos e os pés com dores inconfessáveis.

É, ando assim: meio de banda, tal qual um caranguejo.